segunda-feira, 24 de maio de 2010

AMELIA.2009 - AUTOBIOGRÁFICO -


Amelia, filme sobre a vida da aviadora e ativista dos direitos da mulher Amelia Earhart (1897-1937). Duas vezes premiada com o Oscar de melhor atriz, Hilary Swank assume o papel principal. Seus traços pouco convencionais para uma atriz hollywoodiana são perfeitos para um estranho piloto masculinizado que desafiou a sociedade às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Seria um casamento perfeito, se não fosse o péssimo roteiro de Ron Bass e Anna Hamilton Phelan que despeja sem dó frases-clichê a cada diálogo. Para os autores, Amélia não é uma pessoa, mas uma idéia. Era de se esperar que a diretora indiana Mira Nair não deixasse que o roteiro engessado dominasse a produção, mas ela parece atarefada demais com a reconstituição de época para dar a atenção devida aos atores. Richard Gere pela enésima vez sendo Richard Gere é outro ponto falho. Seu papel como George Putnam, o editor dos livros de Amélia e futuro marido da aventureira, é limitado às três caras que o ator se limita a fazer. Com frases feitas e inexpressividade, simplesmente não há sensualidade alguma na interação dos dois, nem quando um terceiro elemento forma um triângulo amoroso, o especialista em aviação Gene Vidal (Ewan McGregor). Mas se Nair realmente se empenhou em dirigir a reconstituição, ao menos algo ela fez direito. Os figurinos, a pesquisa dos aviões e os cenários são perfeitos, retratos realistas dos tempos de Amélia Earhart. As cenas aéreas, fotografadas por Stuart Dryburgh, são igualmente empolgantes. A trama acompanha o auge da carreira de Amélia. De sua bem-sucedida viagem sem escalas através do Atlântico a bordo do Friendship até o inédito primeiro vôo ao redor do planeta. No meio, a criação da associação de mulheres piloto, o interesse por George e Gene, a atenção da mídia, os preparativos para a última missão e a sua transformação em figura inspiradora para a nação na era pessimista da grande depressão. Mas se o desenvolvimento é falho e caricato, ao menos o clímax é carregado de tensão. De qualquer forma isso é fácil de explicar, afinal, todo o desfecho quase não tem diálogos, o grande problema do filme. É interessante também a opção da cineasta em não se concentrar nas derrotas de Amélia (a primeira tentativa da volta ao mundo é mostrada apenas indiretamente), o que aumenta a emoção do final, que evita ainda todas as teorias da conspiração sobre a aviadora. Um fim digno para um cine biografia, apenas medíocre. Nota: 7,0

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